Voto em trânsito de 80,4 mil eleitores será testado pela 1ª vez
A eleição em trânsito será a grande novidade do processo de votação do domingo. Ela será testada pela primeira vez e a expectativa é que, se der certo, seja ampliada para as próximas eleições. Ao todo, 80.494 eleitores formalizaram pedidos para votar longe de seus domicílios eleitorais. Entre eles, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, que pediu para votar em Brasília, onde vai monitorar o andamento das eleições, no dia 3, em vez de São Paulo, onde possui título de eleitor.
O número é pequeno se comparado aos 135 milhões de eleitores. Mas o voto fora do domicílio eleitoral deve crescer nas próximas eleições, caso a experiência dê certo neste ano. Além desses 80 mil, há outros 76.528 pedidos de voto em trânsito, se houver segundo turno. São Paulo, Brasília e Belo Horizonte são as campeãs de pedidos de votos em trânsito.
Nas últimas eleições, em 2008, quando houve votação para prefeito, a novidade foi a urna biométrica - a identificação de eleitores pela impressão digital. Ela foi testada em apenas três cidades: Colorado do Oeste (RO), Fátima do Sul (MS) e São João Batista (SC).
A experiência foi considerada bem-sucedida pelo TSE. Para o tribunal, este é o sistema mais seguro de votação, pois impede qualquer tentativa de fraudes na identificação dos eleitores.
Neste ano, a Justiça Eleitoral expandiu o sistema biométrico para 60 cidades, em 23 Estados. Ao todo, mais de 1,1 milhão de eleitores serão identificados pela impressão digital.
A expectativa é que até 2018 todos os municípios brasileiros já realizem eleições com a tecnologia de identificação digital. Para tanto, terão de fazer um cadastro prévio dos eleitores.
Apesar de a votação deste domingo prever inovações que são consideradas positivas pelo TSE, haverá um passo para trás. A Justiça Eleitoral terá de retomar o voto impresso - uma experiência mal-sucedida na votação de 2002. Naquele ano, os eleitores do Distrito Federal, de Sergipe e de mais alguns municípios receberam, logo após sair da cabine das urnas, um papel com o teor de seus votos. A experiência foi trágica, com atrasos no processo de votação nesses locais, pois muitas máquinas impressoras quebraram ou demoraram para confirmar o voto. O ministro Sepúlveda Pertence, que era vice-presidente do TSE, demorou algumas horas para votar e criticou pessoalmente o sistema.
Mesmo assim, a impressão do voto foi retomada pela reforma eleitoral aprovada, no ano passado, pelo Congresso. O TSE fez um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que vetasse o voto impresso, mas o pedido não foi acolhido.
A votação deste domingo deve marcar um recorde de observadores internacionais. Mais de 150 autoridades de governos do exterior e de ONGs vão estar no Brasil. Ao todo, representantes de 36 países vão acompanhar as eleições.
Entre os observadores, estão representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA), do Parlatino e do Parlamento do Mercosul, além de ONGs da África, do Haiti, universitários do Irã e da Turquia. As maiores delegações são da Argentina e do México. A Rússia quer informatizar suas eleições, em 2015, e vai acompanhar a votação no Brasil. Já a Itália estuda permitir a urna eletrônica para que os italianos residentes no Brasil possam votar para a Presidência daquele país, em 2012.
Entre 2002 e 2008, houve 20 observadores, em média, em cada uma das quatro eleições deste período. Foram registrados representantes de, no máximo, 35 países.
A Justiça Eleitoral vai mobilizar mais de 2,1 milhões de mesários no domingo para atender aos 135 milhões de eleitores. Serão distribuídas 54,2 milhões de "colas" impressas para os eleitores marcarem os números dos seus candidatos. Mais de 500 mil urnas serão utilizadas. Vinte mil pessoas vão à urnas em prisões e 200 mil brasileiros vão votar no exterior, em 154 cidades.
Em 25 municípios brasileiros, haverá a presença de forças federais para impedir conflitos durante a votação. As forças vão atuar em sete Estados, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No Amazonas, por exemplo, elas vão estar em Manaus, Carauari, Tefé, Parintins, Itacoatiara, Boca do Acre e Eirunepé. No Piauí, as forças vão se deslocar em 17 zonas eleitorais. No Tocantins, o reforço será em aldeias indígenas na região de Goiatins.
Ao fim do processo eleitoral, serão eleitas 1.682 pessoas: um presidente, 27 governadores, 54 senadores, 513 deputados federais, 1059 deputados estaduais e 24 distritais.
Essas 1.682 vagas estão sendo disputadas por 21.813 candidatos. São: nove candidatos à Presidência, 171 candidatos a governador, 276 concorrentes ao Senado, 6.057 candidatos à Câmara dos Deputados, 14.418 concorrentes a deputado estadual e 882 para deputado distrital.
Juliano Basile - De Brasília
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