Obra de arte que mantém urubus em cativeiro na Bienal irrita internautas
Primeiro, o ataque aos presidentes. Depois, a propaganda para a candidata. Agora, o bem-estar dos urubus. Mal abriu suas portas ao público - o que só ocorre neste sábado (25) -, a 29ª Bienal de São Paulo já acumula polêmicas. A controvérsia da vez recai sobre uma obra que mantém três urubus vivos dentro de um viveiro no vão central do prédio da Bienal.
Idealizada pelo artista plástico paulistano Nuno Ramos, a instalação batizada de "Bandeira branca" é composta por três grandes esculturas em formas geométricas, que lembram grandes túmulos. As peças são cercadas por uma tela de proteção que acompanha, de alto a baixo, a rampa e as curvas do prédio projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. No alto de cada uma delas, há poleiros que se parecem com chaminés, de onde as aves raramente saem e onde devem permanecer até 12 de dezembro.
O confinamento em nome da arte vem irritando internautas e grupos de defensores dos animais que, desde a noite de terça-feira - quando a Bienal abriu pela primeira vez para convidados - lançaram um abaixo-assinado contra a presença da obra na exposição.
"Exijimos que o 'expositor' da Bienal do Ibirapuera, cujo 'trabalho' envolve maus tratos com aves vivas - urubus, mais especificamente, protegidas por leis brasileiras, - seja impedido de praticar crime ambiental dentro destas instalações e que as aves das quais ele se utiliza sejam encaminhadas a entidades de proteção animal, para recuperação", diz um trecho do texto do abaixo-assinado, dirigido ao Ministério Público de São Paulo.
Até a conclusão desta reportagem, a carta de repúdio, que estava sendo divulgada em redes sociais como Twitter e Facebook, continha mais de 1.400 assinaturas.
"Isso é democracia, e a gente tem de lidar com todas as opiniões e visões. Mas a primeira coisa que se tem de fazer antes de criticar é ver a obra, não acreditar em boatos", defendeu Nuno Ramos, em entrevista por telefone ao G1. "Antes de a obra estrear já havia uma quantidade de informação maluca na internet, fazendo confusões e sugerindo que eu ia matar os animais de inanição, como fez um outro artista latino-americano recentemente."
Segundo Ramos, tudo está sendo feito "dentro da legislação". "É importante deixar claro que não tiramos os animais da natureza. Os urubus pertencem ao Parque dos Falcões [em Sergipe], onde vivem em cativeiro. Só tirei de uma gaiola e pus em outra 30 vezes maior", defende o autor da obra. "Trouxe para São Paulo a mesma pessoa que trata deles lá [no Parque dos Falcões], e ele está aqui o tempo todo. O veterinário também veio com eles, ficou quatro dias para adaptação e foi embora. Mas ao menor sinal [de problema], a gente vai atuar."
Bem à vontade
Quanto ao possível estresse que as aves possam sofrer por conta das luzes artificiais e do ruído vindo dos visitantes, da própria obra (que inclui alto-falantes que tocam trechos das canções "Bandeira branca", "Carcará" e "Acalanto") e de outros trabalhos sonoros instalados na Bienal, o artista diz que os urubus não se incomodarão. "Eles parecem até mais calmos que os visitantes", ironiza. "A luz desliga às sete horas, e a exposição fica fechada 14 horas por dia."
Ramos lembra ainda que as aves são as mesmas que expôs em 2008, em uma instalação semelhante montada no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília. "Elas estão acostumadas com o público. Já participaram de uma exposição minha em Brasília e, segundo um tratador que ficava lá, chegaram até a acasalar dentro da obra."
Em nota divulgada à imprensa, os organizadores da 29ª Bienal confirmaram que "o autor da obra possui todas as licenças exigidas pelos órgãos de preservação ambiental para o uso desses animais" e ressaltaram "que a independência curatorial e a liberdade de criação, dentro dos contornos estabelecidos pela lei, são valores fundamentais da entidade".
Visão de cima da obra 'Bandeira branca', que mantém urubus confinados em um viveiro no vão central da Bienal. 'Quando pensei na ocupação desse espaço vertical, pensei em aves. E os urubus têm essa carga intensa, essa relação entre morte e vida que tem a ver com o trabalho', explica Ramos. Para o artista, sua obra valoriza o projeto de Niemeyer, que considera 'um dos momentos mais bonitos da nossa arquitetura'. 'Apesar de mimetizar as formas desse vão, minha obra também contrasta com ele, deixando mais explícita a volumetria daquele lugar. Não é só o meu trabalho, mas a relação dele com o prédio que conta', explica. (Foto: Daigo Oliva/G1)
Fonte: Globo
É uma vergonha ver que algumas pessoas tenham que se valer do sofrimento alheio para conseguir chamar a atenção e se sobressair. É um absurdo ver que as leis existentes no país estão apenas no papel, e que as autoridades competentes nada fazer para proibir tais aberrações.
Talita Francisco
Em entrvista a uma emissora, este insano analisa violência contra a sua obra após pichadores protestarem. Já é hora de acabar com esta crueldade.
ResponderExcluirporque ninguem defende os fetos que foram devorados no hipertensão? hipocrisia é mato
ResponderExcluirporque niguem defendeu os fetos devorados no hipertensão? hipocrisia é mato
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